Manchester À Beira Mar

Avaliação: ✰✰✰✰

Manchester By The Sea - EUA, 2016

Direção: Kenneth Lonergan
Roteiro: Kenneth Lonergan
Elenco: Casey Affleck, Michelle Williams, Kyle Chandler, Gretchen Mol, Lucas Hedges e Matthew Broderick.


Sinopse: Lee é um homem solitário que trabalha como zelador de prédios e faz manutenções variadas até que um dia seu irmão morre e, resolvendo questões funerárias, descobre que tem que ser tutor do filho de seu irmão. Assim, ele volta a cidade de Manchester onde precisa aprender a lidar com seu sobrinho adolescente e traumas do passado.





Manchester À Beira Mar é um filme simples em sua história, mas complexo na forma como aborda os sentimentos de seus personagens, em especial do protagonista, em relação ao luto, traumas, a família e ao amor.

Centrado em Lee Chandler (Casey Affleck, irmão de Ben Affleck), um rapaz que trabalha fazendo consertos em geral para moradores em alguns prédios, que um dia recebe a notícia da morte de seu irmão mais velho (Kyle Chandler) e em meio a problemática em resolver o sepultamento do irmão, descobre que terá que cuidar seu sobrinho Patrick (Lucas Hedges) e ter que retornar a cidade de Manchester ainda que a contragosto por causa de traumas do passado.

Interpretado por Affleck com muita sensibilidade, Lee é um homem amargurado e quase depressivo que vez outra explode tamanha sua dor internalizada. De gestos simples, o seu olhar e postura são fundamentais para entendermos que tipo de vida que ele leva e, aos poucos, a narrativa vai nos mostrando quem ele era e quem se tornou através de flashbacks que contrastam tons mais quentes do passado e com os tons frios do presente.

Lidar com o trauma vivido na cidade de Manchester e ver Lee tendo que retornar para assim cuidar do seu sobrinho acaba se tornando mais um desafio, já que ele perdeu a sensibilidade de antes e vê sua vida como uma rotina sem sentido. Assim, a dinâmica entre Lee e seu sobrinho Patrick (Hedges) é interessante e tenta ao máximo fugir do convencional: a cada discussão entre eles percebemos um motivo real para que aconteça e suas soluções nem sempre são as mais fáceis, uma hora ela pode terminar abruptamente, outrora com um simples gesto ou olhar. Patrick é construído pelo roteiro e muito bem interpretado por Lucas Hedges como um adolescente que tem todos os dilemas de adolescente normal sem cair no clichê. Mesmo sabendo da morte de seu pai, ele não deixa de buscar aquilo que os jovens na idade dele buscam: o sexo, o encontro com os amigos, praticar esportes, ir as festas e conversar pelo celular.

E então temos outra grande interpretação que é da atriz Michelle Williams que, mesmo em poucas cenas, consegue trazer vivacidade e extrema sensibilidade a sua personagem. Resultando numa das melhores cenas do filme quando ela e Lee tentam desesperadamente reatarem seu romance e vemos claramente a saudade que esta sente com a dor dele ao não conseguir encontrar palavras para se expressar.

Em meio a tantas dores, Manchester À Beira Mar dá brecha para pequenos sorrisos e gestos de amor, mas conviver com o luto e a perda é que faz seu protagonista ser tão complexo e cheio de detalhes. No final, é uma história sobre como a perda muda nossa percepção da vida e como temos que diariamente conviver com isso. 



Sexta-feira, 27 de janeiro de 2017



Por Aquiman Costa

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