Vingadores: Guerra Infinita


Avaliação: ✰✰✰✰

Avengers: Infinity War – EUA, 2018

Direção: Anthony e Joe Russo

Roteiro: Christopher Markus e Stephen McFeely
Elenco: Robert Downey Jr., Chris Hemsworth, Mark Ruffalo, Chris Evans, Scarlett Johansson, Benedict Cumberbatch, Don Cheadle, Tom Holland, Chadwick Boseman, Paul Bettany, Elizabeth Olsen, Anthony Mackie, Sebastian Stan, Peter Dinklage, Danai Gurira, Letitia Wright, Dave Bautista, Zoe Saldana, Vin Diesel, Chris Pratt e Josh Brolin.

Sinopse: Thanos quer reunir as seis joias do infinito para realizar seu objetivo de aniquilar metade da população do universo.







Aviso: como há muito conteúdo sobre o filme na internet, decidi que seria legal também escrever meus pontos de vista em dois textos, o primeiro SEM spoilers e o segundo COM spoilers. Então se não quiser por sua conta em risco, leia apenas o primeiro texto; se já assistiu, fique a vontade para ler e dizer o que achou.


Há exatos 10 anos estreava Homem de Ferro, o filme que foi a gênese de todo esse universo cinematográfico construído a partir dos heróis que a Marvel – agora também comprada pela Disney – dispunha. Nestes 10 anos, 18 filmes foram lançados, novos personagens foram adicionados – como o Homem-Aranha numa parceria com a Sony – e novas histórias foram e estão sendo construídas, quebrando recordes de bilheteria e unificando histórias que até então não pareciam ter ligação alguma: esse era o propósito da Marvel no decorrer destes 10 anos, divididos em fases.

Em 2012 chegava aos cinemas Os Vingadores, o mais ambicioso passo em direção a essa convergência de heróis, personalidades e artistas envolvidos se concretizava. E ali mesmo, em sua primeira cena pós-créditos, um novo vilão dava as caras, prometendo ser o mais ameaçador de todos os tempos. Para quem já conhecia os quadrinhos, sabia do que se tratava, mas o público leigo de primeira achava que seria aquele chefão que todo mundo conhece, que manda e desmanda. Mas só uma aparição não era suficiente, depois de 6 anos, vimos a evolução de todo esse ambicioso projeto de juntar tantos heróis e diferentes abordagens unificadas em um filme.

E em 2018 eis que finalmente chega Thanos. É aqui que as coisas mudam um pouco, logo na abertura sentimos um clima mais pesado pela logomarca da Marvel surgindo mais escura e anunciando seus 10 anos de universo cinematográfico. A propósito, por mais que o filme leve o título de Vingadores, é Thanos quem realmente tem seus momentos de brilho, já que todos os outros personagens tiveram seus filmes para desenvolver-se, a maior parte do tempo é ocupada pelo gigante rosado (ou roxo, dependendo da iluminação), e entender suas motivações, por mais enviesadas que sejam, nos faz compreender suas razões, seus sentimentos e seu pesar em ter que fazer tudo o que objetiva fazer, incluindo aquilo que ele ama. Profundo não? Por isso não é nada errado em dizer que ele é, na verdade, o protagonista desta história.     

A história então começa, como muitos já sabem, logo após o término de Thor: Ragnarok onde a nave do Titã Louco invade e mata metade dos asgardianos sobreviventes ao Ragnarok visto no terceiro filme do Deus do Trovão. E aí que vamos para a Terra onde temos boa parte dos heróis em diversos pontos, cada um vivendo sua vida. Até o momento que a ameaça se torna impossível de ignorar. Basicamente, Guerra Infinita tem uma história simples: Thanos quer reunir as seis joias do infinito para assim aniquilar metade da população do universo com um estalar de dedos utilizando, para isso, uma manopla que após o gesto, ativa as joias e acaba com metade da vida. Então, os Vingadores precisam se unir para detê-lo, só que nem tudo é tão simples, pois como já vimos em Capitão América: Guerra Civil, muitos heróis – principalmente Tony Stark e Steve Rogers – estão separados.

Pela complicação de juntar tantos personagens em um filme, a decisão dos diretores, os irmãos Russo, foi de separá-los em blocos, e a introdução de alguns personagens traz consigo um pouco de suas características: quando surgem os Guardiões da Galáxia, ouvimos uma música dos anos 80 e automaticamente o senso de humor deles o acompanham; o mesmo com Pantera Negra (Chadwick Boseman), quando ouvimos a trilha sonora composta por Ludwig Göransson e suas linhas africanas; fora as referências a filmes como Homem de Ferro 3 e até a frase “nós temos o Hulk” em referência ao primeiro Vingadores. A personalidade de todos foram mantidas, em especial Bruce Banner (Mark Rufallo), que repete muito do que foi visto em Thor: Ragnarok. Por outro lado, Thor se estabelece aqui com um dos melhores, exibindo a leveza vista no seu terceiro filme e o drama de tudo que aconteceu em sua vida.

Por mais que não vejamos todos os personagens juntos, a divisão em núcleos funciona moderamente bem, uma vez que ver Thor e Quill e Tony Stark e Dr. Estranho se alfinetando são alguns dos bons momentos de humor e grande interação entre os atores, porém outros personagens como Capitão América, Pantera Negra, Viúva Negra, Soldado Invernal aparecem apagados (embora suas presenças se justifiquem, em que cada um tem seu momento de brilhar), sem contar a adição de mais dois personagens, que não vou dizer quem é aqui, mas que acrescentam mais informações à jornada pelas joias.

Assim, mesmo com mais de duas horas e meia de filme, o ritmo não deixa a história ficar cansativa, mesmo quando aqui e ali algum personagem pare para explicar mais a respeito das tais joias e suas funções. Sem perder tempo, o filme nos atira para ação e dá uma dimensão de seriedade aos acontecimentos, ainda que invista bastante no humor, que algumas vezes mescla com a dramaticidade ou o impacto de alguns momentos, porém geralmente funciona e flui com naturalidade. E quando mais a história avança e o perigo se aproxima, a montagem fica mais ágil, mostrando as ações que estão acontecendo em cada núcleo, deixando o espectador curioso para saber o que acontece com outros personagens enquanto acompanha o desenvolvimento dos que estão na tela.

E como um filme tão importante a trilha sonora aqui acerta em momentos-chave, sendo heróica em momentos específicos, preferindo mais o tom da ação que acompanha os embates e mais ainda quando se entrega a leves toques de piano com o tema principal dos Vingadores ou quando enfatiza o drama. Ninguém melhor para isso que o próprio Alan Silvestri, que retorna ao posto de compositor após criar a trilha definitiva da reunião dos heróis no primeiro longa.

Concebendo a Thanos uma voz suave, porém grave e imponente, Josh Brolin torna seu personagem incrivelmente multifacetado. Ver suas mínimas expressões e olhares mostram o trabalho duro e bem feito da equipe de efeitos visuais, porém nem tudo sai tão perfeito quando vemos o personagem em ângulos mais distantes, soando falso e tirando a atenção da sutileza de certos planos com enfoque sejam no rosto, nas veias e pelos nos braços.

Terminando de forma silenciosa e com créditos finais escuros, mostrando a dureza e as consequências do que foi visto minutos antes, Vingadores: Guerra Infinita consegue fazer um final em si bastante eficiente e impactante, porém, no geral, perde sua força quando levamos em conta o todo do Universo Marvel.

Ainda assim, Guerra Infinita é uma experiência e tanto. 

Nota: Há uma cena pós créditos.


Tudo levou a Isso
  
Muitas teorias podem surgir a partir da decisão de Doutor Estranho em entregar a joia do tempo, já que para ele “fazia parte do jogo” onde em mais de 14 milhões de versões alternativas, apenas uma daria a chance dos heróis vencerem. De qualquer forma a decisão vai ser desdobrada nos já esperados filmes de Homem Formiga e Vespa e Capitã Marvel que serão apresentados conceitos como dimensão quântica e a decisão de Nick Fury de chamar só agora a nova heroína a ser apresentada.

O motivo principal deste segundo texto é mostrar as consequências das inevitáveis mortes, e por isso mesmo disse que Thor é o mais sofrido, pois testemunha a morte de vários cidadãos asgardianos, além do seu amigo Heimdall (Idris Elba) e Loki (Tom Hiddleston) que tenta sua última trapaça, mas desta vez buscando a redenção para com seu irmão, e acaba morrendo pelas mãos de Thanos. Já Heimdall consegue enviar Hulk para a terra, caindo exatamente onde se encontram Doutor Estranho e Wong. A continuidade dos acontecimentos dos filmes anteriores são bem mostrados quando vemos que Bruce Banner se encontra perdido sem saber o porquê Tony e Steve estão brigados e como surgiram Homem Formiga e Homem Aranha. Além disso, após ser derrotado por Thanos, Hulk parecer ter ficado com medo de sair do corpo de Banner, obrigando o cientista a ter que se virar sozinho, inclusive batalhar usando a Hulkbuster vista em Vingadores: A Era de Ultron.

No espaço, Gamora mostra seu lado mais dramático numa bela interpretação de Zoe Saldana, desejando a morte de seu pai ao mesmo tempo em que sente medo e tristeza ao confrontá-lo. Thor, por sua vez, vai ao planeta Nidavellir junto a Groot e Rocket para preparar um machado com o mesmo material feito de seu martelo, destruído por Hela. Lá encontram Eitri (Peter Dincklage) que se encontra sozinho já que Thanos matou todos os outros habitantes. Quando, num momento de auto sacrifício, Thor consegue fazer com que o fogo produzido pelo planeta derreta o metal para fabricar o machado, Groot, comovido, usa parte de seu braço como cabo, fazendo com que Thor, Groot e Rocket se transportem até a Terra exatamente na batalha de Wakanda numa das melhores cenas do filme.

Ainda em Wakanda, Shuri (Letitia Wright) tenta remover a joia da testa de Visão (Paul Bettany) ao passo que os filhos de Thanos acompanhados de aliens de quatro braços numa guerra no estilo de Star Wars: Episódio I ou Senhor Dos Anéis. Um pouco antes no espaço, Gamora revela o local onde está a joia da alma, a mais forte das joias, devido a pressão de ver Nebulosa (Karen Gilian) aprisionada e torturada por Thanos. Com isso Gamora e Thanos vão a Vormir – e aqui nós podemos ver o parque dos lençóis maranhenses  usado como ambientação do planeta – e reencontramos o Caveira Vermelha, agora interpretado por Ross Marquand, que pensávamos que havia sido morto, mas foi transportado ao planeta Vormir enquanto segurava o tesseract, que também é uma joia do infinito, a joia do espaço. Com o segredo da joia da alma revelado, Thanos mostra profundidade dramática ao exibir seu amor a Gamora, tendo se afeiçoado a garota desde que a adotou enquanto matou metade de sua população. A partir daí, enfrentando essa difícil escolha, Thanos é obrigado a matar Gamora numa sequência que também parece denotar um fim a personagem. Esse sacrifício acaba liberando a joia e então Thanos retorna ao planeta Titã onde encontra os Guardiões (enviados através de Nebulosa que consegue sair da prisão) junto ao Doutor Estranho, Homem de Ferro e Homem-Aranha.

Seguindo o plano de Estranho, os heróis combinam seus poderes e habilidades numa interessante sequência de ação para tirar das mãos de Thanos sua manopla. Ao saber que Gamora morreu, Peter Quill se desequilibra e “estraga” os planos. Tony Stark tenta lutar contra Thanos e este o apunhala com um pedaço de sua armadura, mas o que vemos é que parecia que finalmente Stark poderia morrer, mas o roteiro aqui se segura e mantém o personagem gravemente ferido. O gigante consegue fugir para Wakanda, onde se encontra a joia da mente na testa de Visão.

Fragilizado, Visão tem ajuda de Capitão América, Natasha, Falcão, Máquina de Combate, Pantera Negra, Okoye, Bucky, Bruce Banner, Groot, Rocket e Wanda. Esta última, sendo obrigada a matar seu grande amor a fim de evitar que Thanos roube a joia. Tudo em vão. Com a joia do tempo, Thanos retorna alguns segundos e tira a força a pedra na testa de Visão, fazendo-o sofrer ainda mais.

Thor aparece nos últimos segundos e consegue acertar Thanos, porém não o suficiente para ele parar o estalar de dedos. E aí temos a sequência mais impactante do filme quando, súbito, alguns personagens simplesmente desaparecem como que arrebatados: Bucky, Falcão, Wanda, Groot, Pantera Negra, Drax, Mantis, Peter Quill, Doutor Estranho, Nick Fury, Hill, cada um sentindo e processando a sensação de desaparecimento de forma diferente e o destaque vai para Peter Parker, numa emocionante cena de Tom Holland, abraçado a Tony Stark.

Mas e o que aconteceu com Pepper Potts, Wong, Shuri, Gavião Arqueiro, Korg e Valquíria? Será que eles também foram arrebatados pelo poder das joias? Qual será o papel deles no próximo filme? Como Tony Stark e Nebulosa vão sair de Titã? Por que, se a joia escolhia pessoas aleatórias, acabou deixando basicamente os Vingadores principais como Capitão América, Homem de Ferro, Bruce Banner, Natasha e Thor? Será que os personagens que estavam em Titã e ouviram as palavras de Doutor Estranho, sabiam se iriam realmente morrer ou apenas desaparecer dessa existência para surgir em outra? Por que Peter Parker disse que “não queria ir”? Para onde eles poderiam ir? Como Thanos sabe sobre Tony Satrk? O que significa a cena em que Thanos encontra Gamora criança em um lugar onírico? Seria o poder da joia da alma trazendo a tona seu mais profundo sentimento ou era algum tipo de vislumbre?

São muitas perguntas, algumas até podem ser mais fáceis de responder através das HQs, outras somente daqui para frente em Vingadores 4. Duas horas e meia de filme foram poucas para tantas subtramas que poderiam ser abordadas e ficaram, de certa forma, apenas pontuadas, com certeza por motivos de não tentar deixar a história mais inchada, o que não seria exatamente o caso aqui, já que poderia ter muita coisa a ser explorada desses diferentes personagens, mesmo assim a Marvel e os roteiristas estão de parabéns por conseguirem amarrar tantas histórias em um único filme e a montagem de tornar a narrativa coesa e ágil, ainda que seja estranho pensar que tudo isso ocorreu em apenas um dia.

De qualquer maneira, já foi feito e conseguiram entregar algo grandioso, ainda que não tão corajoso quanto Logan, por mais que saibamos que tudo vai se resolver de alguma forma (ainda podem morrer personagens mais antigos, eu suponho), o que importa não são mais os porquês e, sim, o COMO tudo isso vai se resolver.

Falta muito para 2019?      


Por Aquiman Costa

quinta-feira, 10 de maio de 2018

Leia as críticas de Pantera Negra, Thor:Ragnarok e Homem-Aranha: De Volta Ao Lar aqui, aqui e aqui.

Um comentário:

  1. O filme de os Vingadores é incrível porque teve o meu ator favorito. O filme foi incrível com Benedict Cumberbatch. Na verdade não sou muito fã do seu trabalho, mas no trailer do Brexit me surpreendeu. Acho que se consolidou como ator e conseguiu encantar ao espectador. Seus ultimos foram incríveis. Recomendo um dos seus próximos filmes de drama é uma historia que vale a pena ver. Falar dele significa falar de uma grande atuação garantida, ele se compromete com os seus personagens e sempre deixa uma grande sensacao ao espectador. Para uma tarde de lazer é uma boa opção.

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