Avaliação: ✰✰✰✰
Black Panther – EUA, 2018
Direção: Ryan
Coogler
Roteiro: Joe Robert
Cole e Ryan Coogler
Elenco: Chadwick Boseman, Michael B. Jordan, Lupita
Nyong'o, Letitia Wright, Martin Freeman, Daniel Kaluuya, Angela Bassett,
Winston Duke, Danai Gurira, Andy Serkis e Forest Whitaker.
Sinopse: Após a
morte do rei T’Chaca, seu filho T’Chala assume o trono de rei, porém precisa
enfrentar as convicções de Erick Killmonger, que almeja tomar o trono e abrir,
á sua maneira, Wakanda para mundo para lutar contra a opressão sofrida pelos
negros ao redor do mundo.
Tendo
sua estreia em Capitão América – Guerra Civil,
Pantera Negra, junto a Homem-Aranha, ganham seus filmes solos expandindo o já
conhecido Universo Marvel. Porém, Pantera
Negra tem um brilho diferente e uma razão ainda maior de ter um filme solo:
a jornada não só de seu protagonista, mas também de toda a Wakanda é fabulosa e
cheia de questionamentos raciais que há tempos mereciam ser abordados com mais
enfoque em filmes blockbusters.
A
missão de dirigir Pantera Negra ficou
a cargo de Ryan Coogler, que já tinha sido elogiado pelo seu trabalho em Creed – Nascido Para Lutar e aqui
consegue imprimir sua marca (a cena de uma luta em um cassino com plano
sequência é uma das melhores), desde os questionamentos raciais até na
diversidade apresentada pelo design de produção que consegue colocar nas várias
tribos que formam o país fictício de Wakanda referências fieis à diversidade da
cultura africana. Sem contar a trilha sonora de Ludwig Göransson que mistura a
sonoridade heroica a toques e melodias de tambores africanos, o que enriquece
ainda mais a experiência ao assistir ao filme.
Como
foi visto em Guerra Civil, Wakanda é
um país fechado e após a morte do rei T’Chaca através do plano de Barão Zemo, T’Chala
(Chadwick Boseman) retorna ao seu país e se prepara para se tornar rei. O país
é cercado do metal vibranium, por
isso é tão evoluído comparado aos outros países do mundo, motivo da cobiça de
Ulysses Klaue (Andy Serkins) que 30 anos atrás o tinha invadido roubando parte
do metal. T’Chala conta a ajuda de sua irmã, a inteligente e divertida Shuri (Letitia
Wright), a espiã Nakia (Lupita Nyong'o) e a forte general Okoye (Danai Gurira).
O mais interessante aqui é que mesmo sendo o herói, T’Chala é cercado de
mulheres imponentes e com personalidades próprias (ainda mais todo o exército
imperial formado somente de mulheres), com jornadas e dilemas próprios, uma vez
que elas, na maioria das vezes, o protegem e não o contrário.
Já
Erick Killmonger (Michel B. Jordan) é o contraponto às ideias de T’Chala,
enquanto o último é mais pacífico e prega - assim como seus ancestrais - a
continuidade do isolamento de Wakanda do resto do mundo, Killmonger é mais
violento, porém com justificativas extremamente convincentes e dramáticas,
mesmo que seus métodos e sua impulsividade o tornem violentos, suas motivações
se dão por conta de sua origem ligada ao passado do rei T’Chaca e a todo o
sofrimento dos negros durante a história, seja pela escravidão, seja pela falta
de oportunidades ou pelo simples racismo impregnado nas sociedades. Com isso,
Killmonger se torna um dos melhores vilões do Universo Marvel.
O
tom mais sério do filme que aborda um tema tão delicado também arranja espaço
para a leveza, principalmente com a participação de Shuri em vários momentos ou
ao se referir ao agente Ross (Martin Freeman) como “colonizador”, mas quem
acaba roubando a cena a partir do terceiro ato é M’Bako (Winston Duke) e aqui
vemos o humor naquele padrão já conhecido da Marvel. Diverte, mas dilui a importância
de certos momentos.
Por
fim, os efeitos visuais aqui e ali aparecem falsos. E para compensar o uso
exagerado de bonecos digitais lutando, a estratégia foi de, em alguns momentos,
mostrar o rosto dos personagens para que a experiência não ficasse
comprometida.
Como
se não bastasse todo o teor político e social de Pantera Negra, o filme nos presenteia com reflexões duras e
necessárias, uma delas contida na frase “me jogue no oceano como os escravos
faziam para não ter que viver presos” e a outra numa clara alfinetada a Donald
Trump quando T’Chala diz que “o sábio constrói pontes e o ignorante muros”. Se
com apenas este filme Pantera Negra conseguiu ser tão corajoso e representativo
para milhões de crianças e jovens, gostaria de ver o que mais eles podem
abordar daqui para frente.
Nota:
há duas cenas pós-créditos.
Por
Aquiman Costa
Sexta-feira,
4 de maio de 2018.
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