Lego Ninjago – O Filme

Avaliação: ✰✰✰✰

The Lego Ninjago Movie- EUA, 2017

Direção: Charlie Bean, Paul Fisher e Bob Logan

Roteiro: Bob Logan, Paul Fisher, William Wheeler, Tom Wheeler, Jared Stern, John Whittington

Elenco: Dave Franco, Justin Theroux, Michael Peña, Kumail Nanjiani, Abbi Jacobson, Zach Woods, Fred Armisen, Olivia Munn e Jackie Chan.


Sinopse: Loyd é um jovem rejeitado por todo mundo, exceto pelos seus amigos que juntos formam uma equipe de ninjas que lutam contra as tentativas de dominação de Lord Garmadon. 





Já é o segundo longa do universo Lego lançado este ano (o primeiro é Lego Batman – O Filme) e aqui em Lego Ninjago – O Filme percebemos uma reciclagem do que deu certo nos filmes anteriores, bebendo da fonte esquemática de Uma Aventura Lego (primeiro filme deste universo), em que o mundo real dialoga com os brinquedos, além do tom sarcástico e cheio de referências à cultura pop, contudo mais disposto a abraçar momentos dramáticos.

O personagem central aqui é Loyd (Franco), um estudante que mora com a mãe Koko (Munn) e tem mais cinco amigos: Kai (Peña), Jay (Nanjiani), Nya (Jacobson), Zane (Woods) e Cole (Armisen), todos treinados pelo mestre Wu (Chan). Loyd, contudo, é um rapaz rejeitado pela maioria da sociedade (uma estrutura narrativa básica já vista em Uma Aventura Lego e Lego Batman) e é filho de Lord Garmadon (Theroux), que não sabe que seu filho na verdade é o famoso e idolatrado Ninja Verde que juntos com seus amigos ninjas formam a super equipe que o derrota todos os dias.

A relação entre Loyd e seu pai lembra o dilema de Luke Skywalker com Darth Vader em Star Wars, o que não parece ser exagero já que visualmente Lord Garmadon lembra muito Vader. Por explorar bem o conflito entre esses dois personagens, outros perdem tempo de exposição, ficando apenas relacionados às suas funções secundárias, como os amigos de Loyd. O que ganha talvez um pouco mais presença é mestre Wu que é também o narrador da história e irmão de Garmandon.

Tentando ao máximo extrair os clichês dos filmes e séries orientais, logo na introdução já vemos o logo da Warner Bros. referenciando a logo da Shaw Brothers - famosa produtora de filmes de artes marciais das décadas de 60 e 70. Mas a referências não param por aí, com o humor característico da franquia, é possível ver menções a Akira (uma rápida cena de Nya com uma moto), Godzilla (como a chegada de Garmagon à praia), textos que aparecem na tela e principalmente a fórmula das séries japonesas dos chamados tokusatsu: equipe de heróis coloridos que usam robôs gigantes e lutam contra praticamente o mesmo vilão todos os episódios, destruindo completamente a cidade, aí vale mencionar obviamente Power Rangers e mais um vasto número de séries que seguem esse padrão como Super Sentai, Esquadrão Especial Winspector, Changeman, Ultraman, Jaspion etc.  Este esquema não fica somente visível na imagem dos personagens, mas também em breves momentos que mostram repetição dos ataques da equipe de mocinhos ou quando mostram vários ângulos de uma explosão, algo padrão do gênero.   

Mas sem perder a seu foco também na atual geração, por vezes Lego Ninjago abre espaço para mostrar de forma epilética imagens engraçadas e memes de internet, incluindo aí uma aparição de Bruce Lee em Operação Dragão – que também é um filme da Warner Bros. Mas também sua temática oriental e de relação entre pai e filho abre espaço para momentos mais dramáticos, algo que o sarcasmo dos filmes anteriores da franquia não permitia muito.

Mais uma vez a dublagem brasileira consegue contornar muito bem os diálogos introduzindo frases e expressões que estão se tornando comum no mundo das redes sociais e da pauta de representatividade feminina, Nya em um momento fala em “empoderamento feminino” e em outro momento uma personagem grita “que tiro!”, algo que dá um tom de atualidade e de que os dubladores estão por dentro da linguagem que está sendo falada hoje em dia.

A animação em si continua impecável em seus detalhes, buscando a interações entre seres reais e os brinquedos – como as cenas do gato invadindo a cidade de Lego -, os efeitos visuais ficam cada vez mais convincentes. Mas não poderia deixar de falar na aparição de Jackie Chan em carne e osso nos primeiro e terceiro atos, sua presença carismática faz o espectador abrir um sorriso logo de cara.

Ainda que apresente uma fórmula já conhecida e que já começa a apresentar sinais de desgaste, Lego Ninjago funciona por abordar um universo com outra gama de clichês a serem parodiados, além de ter certo público infantil por causa da série animada. Resta saber o que os produtores e as mentes criativas por trás da franquia irão apresentar de novo em mais outra aventura que com certeza já deve estar pronta para sair. 

Nota: durante os créditos finais há os famosos e divertidos erros de gravação de Jackie Chan.

Por Aquiman Costa

Terça-feira, 03 de outubro de 2017. 

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