Blade Runner 2049

Avaliação: ✰✰✰✰

Idem – EUA, 2017

Direção: Dennis Villenueve

Roteiro: Hampton Fancher e Michael Green

Elenco: Ryan Gosling, Harrison Ford, Ana de Armas, Sylvia Hoeks, Robin Wright, Mackenzie Davis, Carla Juri, Lennie James, Dave Bautista e Jared Leto

Sinopse: K é policial que vive em 2049 e faz investigações a replicantes, uma dessas buscas o leva a questionamentos e descobertas sobre si e sobre o futuro que agora está mais decadente que 30 anos atrás.  






Blade Runner, filme marcante da ficção científica dos anos 80, até hoje consegue trazer temas relevantes e cada vez mais próximos da nossa realidade: globalização (influência principalmente da cultura oriental), cidades escuras e cheias de luzes de propagandas... Tudo isso em um filme que contava a história de um policial (Deckard, vivo por Harrison Ford) que caçava replicantes.

Pouco mais de 30 anos depois do seu lançamento e contando na sua cronologia 30 anos após os eventos do primeiro longa, agora temos todo aquele universo presente de novo em um filme que amarra muito bem o que o anterior deixou levemente em aberto, ainda que por si só já funcionasse maravilhosamente bem. Agora o mundo esta no ano de 2049 e o policial K (Gosling) é recrutado para “aposentar” replicantes, mas suas investigações o levam a um outro nível de descoberta que pode mudar a realidade que, se antes era caótica, está ainda pior por causa de um blackout ocorrido anos antes (acontecimento que o filme apenas cita).

A tecnologia apresentada no filme da década de 80 obedecia a estética da época, agora nesta sequencia temos drones e até realidade virtual com compacidade de emitir sentimentos (algo bem parecido com o conceito de Ela). Os ambientes e fotografias escuras, em boa parte banhadas por luzes fortes e hologramas de propagandas de grandes empresas, tem seu lugar ao lado de fotografias em tons de azul, amarelo e acinzentado, cada uma indicando lugares e sentimentos.

Se antes o filme original tratava da busca pela existência em seus replicantes, agora a busca é por saber se é possível que um replicante possa ter sua natureza humana efetiva, que seja capaz de conceber uma prole. Além disso, há pequenas citações ao fato de a natureza ter perdido seu valor, algo que podemos ver quando os personagens ficam surpresos ao ver uma árvore. Tais temáticas são desenvolvidas de forma cautelosa pela direção de Dennis Villenueve (A Chegada) que faz questão de criar um tom contemplativo e reflexivo à busca de K em sua investigação. Destaque para Wallace (Jared Leto) com seu visual oriental e suas frases messiânicas, algo que pegou emprestado da atmosfera divina da Tyrell Co., que ele comprou e que se estende pelos ambientes espaçosos e silenciosos. O replicante Sapper Morton (Dave Bautista) que, mesmo com pouco tempo de tela, consegue trazer consistência e imenso significado a jornada de K. Mas claro que a parte mais esperada é a aparição de Deckard que por si só traz uma sensação de nostalgia, mas com sutilezas a mais no seu desenvolvimento: ainda que continue sendo alcoólatra, é perceptível a sua vulnerabilidade ao ver um rosto que lhe trazia lembranças (inclusive há duas aparições que são nostalgia pura).

Por fim, a trilha sonora de Hans Zimmer consegue trazer todo ar contemplativo que a trilha de Vangelis tinha em seu filme original. Conseguindo ser uma continuação à altura do seu antecessor, Blade Runner 2049 ainda prova que é possível fazer um filme de ficção sem cair no lugar comum e trazer consigo tramas e subtramas pertinentes a evolução tecnológica criada pelos humanos.  

Por Aquiman Costa

Segunda-feira, 09 de outubro de 2017      

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