Avaliação: ✰✰✰✰✰
Idem - BRA, 2017
Direção:
Selton Mello
Roteiro:
Selton Mello e Marcelo Vindicatto
Elenco: Johnny
Massaro, Bruna Linzmeyer, Vincent Cassel, Selton Mello, Bia Arantes, Ondina
Clais Castilho, Rolando Boldrin, Martha Nowill e João Pedro Prates.
Sinopse: Tony
Terranova é um jovem professor de francês apaixonado por poesia e cinema que
sonha em reencontrar o seu pai que o abandonou quando criança.
Já é o terceiro trabalho
de Selton Mello como diretor (os anteriores foram Feliz Natal e O Palhaço)
e já se pode dizer que ele mantém um nível altíssimo de beleza e poesia, o que
vemos aqui em O Filme Da Minha Vida é ainda mais beleza, seja ela visual,
temática ou musical.
Banhado em tons de sépia
da fotografia de Walter Carvalho, sentimos toda a áurea nostálgica da obra, bem
como a trilha sonora que passam por músicas como “Hier Encore” de Charles
Aznavour a “Coração de Papel” de Sérgio Reis. Trazendo uma ambientação de
época, mais precisamente dos anos 60, entre a zona rural e urbana com uma
perfeição impressionante, tanto pela reconstrução histórica, como pelo
figurino, O Filme Da Minha Vida é
repleto de rimas visuais que se encaixam perfeitamente com a busca dos
personagens: a coroa da bicicleta ao girar faz rima com o relógio e consequentemente
a passagem do tempo e os constantes flashbacks
em que o protagonista lembra-se do seu pai, bem como o rolo de cinema e as
trilhas do trem. Ao longo do filme percebemos todos esses símbolos e como eles
se encaixam à medida que o filme avança.
Tony Terranova (Johnny
Massaro) é um jovem professor de francês que está descobrindo o amor e disposto
a experimentá-lo, enquanto sempre relembra do seu pai (Vincent Cassel) que o
deixou com sua mãe Sofia (Ondina Clais Castilho) quando ainda era um garoto.
Apaixonado por andar de bicicleta ou motocicleta ao ar livre, ver filmes e ler
livros, vive deslumbrado pelas paisagens e pela beleza das irmãs Luna (Bruna
Linzmayer) e Petra Madeira (Bia Arantes), que Massaro confere com muita graça e
um olhar juvenil, apaixonado e contemplativo, beirando o ingênuo, mas quem se
importa, já que ele enxerga beleza em praticamente tudo ao seu redor. Assim,
ele mantém uma relação de amizade com Paco (Selton Mello) que é uma relação
quase que de pai e filho, onde Mello, com sua incrível capacidade de atuação
confere um ar sisudo ao personagem com sua cara fechada e voz rouca
intercalando com ótimos momentos de humor.
Humor sutil que suaviza
ainda mais o drama do personagem principal, onde não é somente Selton que
brilha, mas sim o garoto Augusto Madeira (João Pedro Prates) e seus amigos com
suas constantes buscas pela primeira experiência sexual, que também rende um
momento divertido e levemente sensual com a personagem Carmélia (Martha Nowill)
e seus ensinamentos de geografia.
É interessante notar como
a trama caminha e mesmo que ela acompanhe basicamente a descoberta de Tony
pelas suas paixões e pela busca do pai, no terceiro ato temos uma reviravolta
que percebemos com ainda mais riqueza de detalhes como todos os personagens
estão interconectados, inclusive o maquinista Giuseppe (Rolando Boldrin) que
também tem no seu pouco momento de tela um belo monólogo sobre o trem e o
destino dos passageiros, algo que até o próprio Selton faz com seu Paco relacionando
o homem com o porco.
Respirando nostalgia e
beleza em cada quadro, O Filme da Minha
Vida encerra sua história dramática abraçando o otimismo e a leveza como
formas de levar a vida pelos trilhos a frente para que possamos resolver nossos
problemas e encará-la com o olhar do seu protagonista.
Por Aquiman Costa
Segunda-feira, 4 de
setembro de 2017
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