Avaliação: ✰✰✰
Saban’s Power Rangers - EUA,
2017
Direção: Dean Israelite
Roteiro: John Gatins
Elenco: Dacre Montgomery, Naomi Scott, RJ Cyler, Ludi
Lin, Becky G, Elizabeth Banks, Bill Hader e Bryan Cranston.
Sinopse:
Um grupo de jovens problemáticos descobre em uma mina pedras que possuem um
poder adormecido há milhares de anos. Treinados por Zordon com o auxílio de
Alpha eles precisam superar suas divergências para se tornarem os Power Rangers
e deter os planos de Rita Repulsa.
Antes de qualquer coisa
vou dizendo logo: eu sou o Power Ranger Vermelho, tá bom?
Certo, então vamos lá: Power Rangers era (e ainda é) uma série
baseada no formato japonês adaptado a linguagem ocidental que fez muito sucesso
na metade dos anos 90. De lá para cá foram muitas as versões e até tiveram duas
adaptações para o cinema: Power Rangers:
O Filme (1995) e Turbo Power Rangers
2 (1997).
Desde então os heróis se
mantiveram apenas na TV, já que suas versões cinematográficas nunca foram tão
bem representadas na linguagem do cinema. E aí que chegamos finalmente a esta
versão um pouco mais pretensiosa e que atualiza e traz mais consistência a
mitologia dos heróis coloridos.
Somos apresentados aos
protagonistas Jason (Montgomery), Billy (Cyler), Kimberly (Scott), Trini (Becky
G) e Zack (Lin), todos tendo que lidar com seus dramas e aprendendo a respeitar
suas diferenças. No primeiro momento é como se fôssemos transportados para uma
refilmagem de Clube Dos Cinco, mas
antes, claro, temos a introdução que volta milhares de anos no passado para nos
apresentar um pouco da verdadeira origem dos Rangers. Daí somos levados a
conhecer Jason, um rapaz conhecido por suas habilidades atléticas que se
envergonha de uma brincadeira de mal gosto; Kimberly, que teve um desafeto com
sua amiga; Billy com seu autismo e falta de popularidade, sendo o personagem
mais carismático; Zack com seu jeito aventureiro, mas que cuida de sua mãe
doente; e por último Trini que é a mais calada, mas que esconde frustações em
relação sua família e a aceitação da sua sexualidade. Todos eles acabam se
encontrando e descobrindo pedras – ou moedas – coloridas que dão super poderes
e acesso ao esconderijo de Zordon (Cranston) e Alpha 5 (Hader) que acabam por
estimular a união dos jovens para formar essa equipe contra a ameaça de Rita
Repulsa (Banks).
Por mais que o esforço de
atualizar e dar mais densidade a personagens baseados em uma série simples - e
por muitas vezes presa naquela formula de um problema que tem que ser resolvido
que termina em uma grande luta de Megazords com monstros gigantes – este novo Power Rangers consegue diversificar e
entregar histórias mais realistas, contudo há problemas de tom. Infelizmente o
filme não sabe se adota um tom mais sério (utilizando muito cinza e escuro em
cenas noturnas ou lugares fechados ou cenas que beiram ao terror) ou se usa a
leveza característica da série (muitas piadas e cores fortes). Porém, é bom
saber que há esse potencial em contar uma boa história e desvendar coisas que
na série eram só detalhes, como o ato de “morfarem” é trabalhoso e requer a
completa união e entendimento das diferenças de cada um – e o roteiro é esperto
em entregar as informações devagar, desde o uniforme até os Zords.
Por outro lado, o filme se
entrega a clichês e certos absurdos como a Kimberly cortando o cabelo até a
altura do pescoço com uma tesoura no banheiro escuro da escola para segundos
depois aparecer com o corte impecável até a composição de Elizabeth Banks como
Rita Repulsa: de início ela parece assustadora, mas quando ganha sua forma
definitiva a atriz se entrega a exageros, talvez por ter compreendido como a
personagem era na série ou porque simplesmente ela estava se divertindo
ou até mesmo os dois, quem sabe? Mas, além disso, há outros momentos mais
inspirados no longa, por exemplo já início quando temos uma perseguição e a
câmera dentro do carro filma tudo ao redor em 360º e na cena onde os
protagonistas descobrem o esconderijo de Zordon embaixo das águas.
Procurando ser original
sem perder as referências clássicas, Power
Rangers se utiliza de inúmeras referências para validar seu universo, isso
vai desde o já citado Clube Dos Cinco,
o visual dos bonecos de massa - apesar de melhores comparados aos da série -
lembra Noé de Darren Aronofsky,
passando por citações aos super heróis da Marvel como Homem-Aranha e Homem de
Ferro (neste último onde os trajes foram claramente inspirados) até a estética
mais escura dos filmes da DC/Warner – mais uma vez o visual de Zordon e o local
de treino lembram o Homem De Aço – e
com isso tentando se estabelecer como alternativa aos blockbusters, inclusive Transformers
(que faz questão de pisar em Bumblebee e pedir “desculpas”, já que a intenção
era beber da fonte de Círculo De Fogo).
Em meio a tentativas ora acertadas
e ora problemáticas, é possível ver
potencial em Power Rangers, uma pena
que também ele entregue a tão esperada cena de luta um pouco apressado demais,
compensando isso com algumas escolhas
interessantes como o fato deles ainda não saberem usar o Megazord etc. Claro
que nesta parte temos referências mais claras, a tão esperada música tema “Go
Go Power Rangers” empolga e há duas participações no terceiro ato que não vou
dizer pra não estragar a surpresa, embora creio que muitos já saibam.
Power
Rangers se atualiza e apresenta características interessantes
e até corajosas, mas em meio a tantas informações se perde e não consegue
encontrar o tom. Espera-se que esses problemas possam se morfar (desculpe, não
me contive) em continuações melhores. Pelo menos já começaram num caminho
interessante.
Nota:
Há
uma cena durante os créditos finais.
Terça-feira, 28 de março
de 2017
Por Aquiman Costa
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