Capitão Fantástico

Avaliação: ✰✰✰✰

Captain Fantastic - EUA, 2016

Direção: Matt Ross
Roteiro: Matt Ross
Elenco: Viggo Mortesen, George McKay, Annalise Basso, Nicolas Hamilton, Shree Crocks, Trin Miller, Catherine Hanh, Steve Zahn e Frank Langela.

Sinopse: Uma família vive isolada da sociedade até que um dia se veem forçados a reaparecer e lidar com costumes diferentes do que aprenderam.









Contando a história de um pai que cria seus seis filhos fora da influência do mundo capitalista, Ben Cash (Viggo Mortesen) é um homem que ensina sua prole a caça, fazer a própria comida, se exercitar e aproveitar o que a natureza oferece, mas sem necessariamente negar objetos e coisas que qualquer família utiliza, desde talheres, uma pia, facas e até um ônibus para se locomoverem quando necessário.

Tudo isso com base numa educação que incentiva o pensamento crítico dos seus filhos, em um determinado momento Ben faz sucessivas perguntas sobre o que a filha achou do livro “Lolita” instigando ao máximo sua opinião crítica. O mesmo vale para um dos filhos pequenos que pergunta sobre sexo: Ben, como qualquer pai, tenta mudar de assunto fazendo outras perguntas, mas não consegue simplesmente criar uma história e explica de forma clara o que acontece. Sua disciplina com a educação dos filhos se mostra também quando um deles se machuca escalando uma montanha, mas que tem que continuar escalando até o topo ou quando não permite que cada um deles não demore mais de 8 dias para ler um livro.

Após uma tragédia que obriga a família a ter que reencontrar seus parentes, é que percebemos que o roteiro jamais deixa de chocar a visão de mundo da família Cash com o restante da família, abrindo margem para que possamos julgar seus atos. E à medida que o filme avança somos levados a entender o que levou aquela família a se isolar e que pensamento elas têm do mundo. Há observações quanto ao fato da sociedade estar obesa, da educação escolar, familiar e até religiosa.  

Mesmo vivendo a margem da sociedade de consumo, isso não impede que alguns dos filhos se interesse pela vida que é oferecida fora desse mundo que eles criaram em meio à floresta; e somos transportados a esses conflitos de pensamento: “A menos que tenha saído de um livro, eu não sei nada!”, confessa Bo (George MacKay), o filho mais velho.

Para contrapor ainda mais temos a figura do avô materno das crianças interpretado por Frank Langella: mostrando-se rude com Ben pelo fato dele levar uma vida isolando seus netos do seu convívio, aos poucos somos levados a entender suas motivações e sua preocupação com as decisões de Cash, tornando-o um personagem compreensível e com mais facetas.  

Apesar das questões sensíveis abordadas, do modo de vida apresentado e do constante choque de ideias e pensamentos, no final sentimo-nos ainda mais próximo desta família. A excelente versão de “Sweet Child O’ Mine” do Guns N’ Roses cantada por eles, mesmo em um momento inicialmente triste, nos faz ficar mais encantados por cada membro desta inusitada família. 

Quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

Por Aquiman Costa

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