Star Wars: Os Últimos Jedi

Avaliação: ✰✰✰✰✰

Star Wars: The Last Jedi – EUA, 2017

Direção: Rian Johnson

Roteiro: Rian Johnson

Elenco: Daisy Ridley, Adam Driver, John Boyega, Oscar Isaac, Mark Hamill, Carrie Fisher, Kelly Marie Tran, Domhnall Gleeson, Gwendoline Christie, Andy Serkis e Benicio del Toro.


Sinopse: Rey busca treinamento com Luke Skywalker para lidar com a Força enquanto a Resistência está sob ataque da Primeira Ordem e de Kylo Ren.


Que Star Wars é um fenômeno em termos de iconicidade, isso é inegável. Atravessando essas quatro décadas e criando universos tão ricos em personagens, suas histórias acabaram atingindo diversas mídias e formatos, sendo os principais lançados como filmes. Em 2015 era lançado O Despertar da Força, ou simplesmente, episódio VII dirigido com muito controle por J.J. Abrams. Trazendo velhos conhecidos da trilogia setentista e adicionando novos personagens, o filme conseguiu muito bem trazer toda a estética que envolvem os filmes da saga, além de servir para passar o bastão para uma nova geração de fãs, agora com personagens mais representativos: uma mulher, um negro e um latino.

Iniciando basicamente onde O Despertar da Força termina, este episódio VIII ou Os Últimos Jedi já surge desconstruindo nossas expectativas assim que um personagem rejeita um objeto que lhe foi dado. Essas desconstruções vão se tornando cada vez mais comuns ao longo da narrativa, de certa forma são escolhas estranhas à primeira vista, mas que o roteiro consegue em boa parte nos fazer aceitar. Estas escolhas também podem ser vistas na maior liberdade com que o diretor e roteirista Rian Johnson constrói a história (a brincadeira visual com o ferro de passar roupas é uma delas), desde a redução das famosas transições de cena características da série até planos e imagens mais deslumbrantes. E posso citar vários, mas os que realmente chamam atenção pela beleza são a cena em que Rey, frente ao um espelho, é multiplicada; a luta de dois personagens centrais em um ambiente banhado num vermelho sangue,  a montagem de Rey treinando com seu sabre de luz, uma nave da Primeira Ordem sendo atravessada em determinado momento, o plano de um personagem enfrentando At At Walkers até a contemplação da morte deste mesmo personagem... Enfim, são muitas as cenas em que se percebe uma vontade maior de torná-las icônicas na série.

Como já tinha falado a respeito dessas desconstruções, os personagens tomam atitudes que fogem da expectativa: Luke Skywalker (Hamill) surge como “fodão” ao mesmo tempo que parece ainda estar aprendendo sobre a Força (e a aparição de um personagem importante da trilogia clássica em seu formato tradicional com certeza vai surpreender a todos, tanto pela escolha em trazê-lo assim como na sua importância para as escolhas de Luke); Rey (Daisy Ridley) se mostra dividida sobre a Força à medida que descobre mais sobre seu mestre; Kylo Ren (Adam Driver) continua com sua instabilidade, mas desta vez inclinado a tomar suas próprias atitudes; Hux (Gleeson) aqui já não tem a mesma moral de antes, e suas tentativas de soar autoritário quase sempre geram momentos engraçados; Poe (Oscar Isaac) ganha mais destaque na história tentando ser mais ativo em especial porque o filme se divide no treinamento de Rey com Luke e as ações da Resistência sob ataque da Primeira Ordem; Finn (Boyega) continua soando cômico, mas aqui ganha mais robustez em sua caracterização, mostrando-se disposto a lutar até a morte; BB8 tem seus momentos mais engraçados, porém não serve apenas como alívio cômico, sendo importante em diversas ocasiões; Rose (Kelly Marie Tran), uma personagem asiática que surge através de uma pequena trama envolvendo sua irmã Paige logo no começo do filme; DJ (Benício Del Toro) que entra e sai do filme sem muita necessidade, mas que pelo menos sua caracterização e as pequenas gaguejadas que ele dá em alguns momentos fazem do personagem alguém interessante; por fim, mas não menos importante, a Princesa Leia (Carrie Fisher) que com sua presença consegue nos trazer a serenidade e confiança de uma verdadeira líder, ainda que fragilizada pelo tempo, fora todo o sentimento envolvendo a própria intérprete em sua  última participação no Cinema.

Além destes personagens, há outros como a Capitã Phasma (Christie), que surgiu apagada no filme anterior, mas aqui consegue ter uns minutos a mais de tela, e a presença de Holdo (Laura Dern), uma das comandantes da Resistência que pouco tem a acrescentar. Embora não sejam necessariamente personagens, os porgs e animais de gelo completam esse universo extenso de Star Wars, os primeiros com sua fofura e momentos cômicos e os segundos por seu design criativo e bastante propício ao ambiente em que vivem.

Os efeitos tanto especiais como visuais são o grande trunfo deste episódio VIII, tantos nas inúmeras cenas de batalhas espaciais como nas cenas que somos colocados do ponto de vista de seus pilotos, até os detalhes do rosto de Snoke (Andy Serkins) que impressionam diferentemente do filme anterior. Mais uma vez a composição visual impressiona, basta observar a batalha que ocorre no terceiro ato mesclando o branco e o vermelho.

Contudo, esse novo capítulo da saga se apresenta um tanto inchado, dedicando uns 20 minutos a mostrar outros planetas como Canto Bight (com seus Cassinos e animais exóticos), basicamente onde se desenrola a missão de Finn e Rose em que também conhecem DJ, sem esquecer as pequenas cenas que envolvem habitantes da ilha onde Luke treina Rey, tomando um considerável tempo que torna a narrativa cansativa. Ainda assim, seu ritmo aumenta conforme o senso de urgência, tornando a ação mais fluida e impressionante.

Sem deixar de lado seu tom político abraçando a mensagem de que nem sempre devemos nos apoiar em um salvador e da frase dita por Phasma a Finn de que ele é “escória” mostrando claramente o racismo presente na Primeira Ordem, Os Últimos Jedi mostra também que é preciso se organizar contra grupos políticos cujos planos estão em reprimir, segregar e escravizar o povo.

Ao ouvir os aplausos logo que começou a clássica abertura acompanhada pela trilha lendária de John Williams e sentir arrepios em diversos momentos da história, fica impossível não esperar pelo próximo episódio com ansiedade e rever estes personagens tão queridos e sua busca pela paz nesse universo tão, tão distante.

Por Aquiman Costa

Terça-feira, 19 de dezembro de 2017

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